segunda-feira, 25 de abril de 2011

O triste exemplo do 4º poder

Não pude deixar de notar a sequência de pertguntas colocadas ao primeiro ministro no final da cerimónia comemorativa do 25 de Abril.

Desconheço para quem trabalha a jornalista em questão, porém a pobre criatura, depois de escutar os diferentes discursos, achou que o que dali tinha resultado de mais importante fora a ausência de Teixeira dos Santos, e vai daí resolveu ocupar o tempo de antena perguntado ao 1º ministro as razões de tal ausência, insistindo, já com insinuações á mistura, em variações da pergunta original, como se fosse um desígnio nacional saber porque é que o ministro das finanças não esteve na cerimónia, se foi por estar zangado como o 1º ministro, se foi para mostrar publicamente essa zanga, se foi porque não foi convidado pelo 1º ministro ou se foi por outra razão qualquer.

Ora, para mim, tudo isto tem significado e consequências óbvias. Em primeiro lugar significa que as televisões estão cada vez mais desfazadas do seu verdadeiro motivo e função, informar o público. Neste sentido, as mesmas têm- se tranformado em simples prestadores de entretenimentos vários, sendo o entretenimento político um dos mais vantajosos, uma vez que um qualquer pontapé de ministro vale 100 vezes mais do que um pontapé do Mário no Big Brother.

Em segundo lugar, significa que os jornalistas são cada vez mais indignos de exercerem a sua profissão e de fazer jus ao facto de serem considerados, e reconhecidos, como o 5º poder. Triste, pobre e desgraçado o povo que se veja dependente e condicionado por um poder exercido por este tipo de jornalistas, não apenas incapazes de exercer com dignidade a sua profissão, mas sobretudo incapazes de reconhecer na realidade aquilo que é deveras importante e aquilo que é meramente acessório ou diversão.

Por fim, uma palavra para as direcções de informação e para as proprias estações televisivas que, numa concorrência desenfreada pelas audiências, pouco ou nada se importam com a realidade e com a informaçãod e qualidade sobre a mesmas, procurando numa subversão clara e completa das suas funções, a todo o custo, a polémica fácil, a inutilidade efémera e o sensacionalismo barato. Neste sentido, mais vale um escandalo por 2 minutos, nem que seja uma simpls gaffe de alguem, que será repetido, comentado, analisado ao pormenor de todos os angulos e perspectivas, por inúmeras criaturas durante as seguintes 24 horas, do que uma informação cuidada, real, importante, centrada nas verdadeiras e importantes questões da actualidade. Esta última não dá audiencias, não atrai publicidade e patrocinadores e não garante o bem estar económico e financeiro da estação.

Portanto, o que temos é um sistema condenado á superficialidade, que esqueceu a verdadeira função democratizant dos meios de comunicação social, que subverteu a função do jornalismo enquanto poder social democrático. Neste momento em que fazia enorme falta um poder democrático independente do Estado e dos partidos políticos, aqueles que mais eficiente e rapidamente poderiam assumir essas funções e assim desempenhar um papael crucial na vida nacional, andam preocupados com futilidades, banalidades e questões acessórias, tendo-se tornado, com o passar dos anos e á força do hábito, em criaturas desinteressantes, futeis e simples “paus mandados” de poderes invisíveis unicamente interessados no balanço financeiro e no índicies de popularidade de audiência

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