os palhaços de deus

Esta semana fomos surpreedidos por um acto já bastante afastado da convivência normal entre a igreja e os crentes. Há 30 anos atrás, tinha eu acabado de entrar para a escola e ainda pude assistir a um acontecimnto sui generis, que na altura não reconheci como tal, mas que, vim a saber anos depois, tinha sido efectivamente dessa natureza. sim, uma excomunhão. O pároco da minha freguesia realizou uma excomunhão,( se bem que sumária, porque como soube depois, a cerimónia completa exigia bastantes mais procedimentos para se concretizar segundo o protocolo oficial da igreja), dirigida a um conjunto de jovens que se divertiam, talvez a contar anedotas, em frente a um café da freguesia, em vez de participarem na procissão que decorria e passava justamente em frente ao dito estabelecimento. Talvez o motivo não tivesse sido apenas a ausência na procissão, ou seja, talvez o senhor abade não se importasse muito com a ausência dos ditos jovens, e talvez até preferisse não os ter no seu rebanho, contudo, muito melhor do que cantar e rezar á virgem, achou o senhor abade que aquele momento seria o ideal para reforçar a sua posição social no seio da comunidade e ao mesmo tempo exemplificar o destino que estava reservado para todos aqueles que, em algum momento das suas vidas tivessem tido a coragem , ou o desaforo, de contestar e imbirrar com o senhor abade. Ao mesmo tempo que se afiirmava como lider incontestado da comunidade , o senhor abade aproveitava igualmente para atemorizar os jovens e , sobretudo a s crianças, mostrando-lhes quais os desejos de deus nosso senhor que ele conhecia melhor do que ninguém. Já na minha juventude, depois de reflectir sobre esses assuntos, cheguei á conclusão que na igreja muitos são os que, dela se aproveitam para recolher benefícios e favores, á margem de qualquer lei humana ou divina. ora foi com imensa curiosidade que me debruçei sobre a noticia da recente excomunhão levada a cabo pelo arcebispo do recife (brasil) contra a mãe de uma menina de 9 anos violada pelo padrasto e contra os médicos que lhe fizeram um aborto, pois da violação tinha resultado uma gravidez. com efeito, diz o prelado, a lei de deus é mais digna e vale mais que a lei dos homens e por isso o aborto é aos olhos de deus um crime hediondo. no entanto, visto que o padastro violador ficou de fora do lote dos excomungados será caso para perguntar se aos olhos de deus a violação não é um crime igualmente hediondo e repugnável. perguntamso nós e perguntaram os jornalistas também. e a resposta do arcebispo foi que o aborto é um crime mais cruel e contrário á lei de deus que a violação. muito bem. será que deus aprova este pensamento dos seus representantes na terra? será que deus teria mais pressa e urgencia em condenar os medicos e a mae do qu o violador?